Reflexão da semana 23 e 24/05

(imagine um título)

(Cada momento é vivido por completo e isso acarreta uma sensação de realização e completude…somos este momento e nenhum outro…
é preciso relaxar e sentir o gosto ao máximo, seja de prazer ou de dor – Alan Watts)

PLUUUUUUUUFT (você acabou de furar uma bolha).

Siga as instruções (ou não).

Respira
Escuta o silêncio
A voz do coração
Amorosamente em ação
Visualize o todo
Desarme e teça
A teia de todos nós
Silêncio…entre as notas

O silêncio não é ausência do som é a ausência do eu – Wu Hsin.

Sugestão sonora para uma experiência poética na leitura:

https://s://www.youtube.com/watch?v=D6vWOkNXE7g&ab_channel=DeniseToledo

Você está escutando música. De repente, eu pergunto: neste momento, quem é você? Como responder imediata e espontaneamente sem parar para procurar as palavras. Se a pergunta surpreender, você vai retrucar, neste momento, quem é você? Mas se parar para pensar, você vai tentar falar não sobre este momento mas sobre o passado. Vou receber informações sobre seu nome e endereço, seus negócios e sua história pessoal. Mas perguntei quem é você, não quem você era. Pois ter consciência da realidade, do momento presente, é descobrir que, um momento após o outro, a experiência é tudo – Alan Watts

Permita-se tornar aquele espaço que dá as boas vindas a qualquer experiência, sem julgamento – Tsok Rinpoche

A base da consciência de si não é a reflexão, mas a relação com o outro]…[no face a face o outro se posiciona como infinitamente transcendente, ante o qual o Eu, antes de pensar ou compreender, ESCUTA, a compreensão é convertida em abertura e acolhimento do outro, em responsabilidade por esse outro – Emmanuel Levinas

Vamos juntos? Com duas mãos nos relacionar? Não! Três mãos para elaborar. Nããão! Desculpem, quarenta e poucos corações para atravessar, o número dois é par, o três é ímpar e gera um outro ritmo de potência.

Desse lado de cá em um tempo anterior (ou não) começamos nos desencontrando e nos reencontrando numa ligação.

Foi até tarde, ou não também, já que o tempo é relativo. O fundamental é que nesse momento você tem uma agulha e você pode furar bolhas, pode costurar idéias e oferecer escuta às necessidades que estão pulsando agora. Ofertamos interrogações para ampliar as reflexões, como um convite que reforça a lembrança do não fim, do eterno começo, num movimento que não cessa de se renovar, a cada olhar, brilhar, pontos de vista diante das infinitas possibilidades, compartilhantes avantes, nessa dança, pulsar; o corpo brinquedo aproveita o vento, espalha sementes, férteis com tempo, frutificar. Vamos? Vamos!

Eu e o todo somos um
Um somos nós
Quantos nós de nós podemos desatar?
Quantos fios soltos podemos entrelaçar?
Quantos alinhavos da teia podemos tecer?
Quem tece a teia?
Alguns?
Todos
Nós?

E o poder?
O poder seduz, qual poder?
E o poder divino?
E como nos relacionamos com o poder?
E o poder da cura?
A arte cura?
Quem ativa esse poder?
O artista é canal de cura e presta serviço a essa manifestação?
Ação?
Reflexão?
Quem são?
Quem é são e quem não é são?
Um somos nós!
Quantos nós?
O melhor lugar do mundo é aqui, e agora???
O que eu faço com Hitler depois dA Queda?
Onde sou melhor que ele e o que dele ainda existe em mim?
Acolho!
Reconsidero, reavalio e me olho, choro
Como é que eu durmo com esse pesadelo?
Um somos nós!
E até quando permaneceremos no Purgatório?
E o que pode sobreviver às trevas?

A poesia
A gentileza
A generosidade
O cuidado
O serviço
A beleza

A escuta
O estado de presença

O artista não pode ficar surdo ao chamado da beleza, só ela pode definir e organizar sua vontade criadora, permitindo-lhe, então, transmitir aos outros a sua fé – Tarkovski

Podemos entender por fé, estar atento presente e consciente do agora, ser o que verdadeiramente se é em conexão com a inteligência infinita?

Conexão
Ação
Reflexão
Imensidão
Missão
Revolução
Amor
In
Con
Di
Cio
Nal

A arte cria e ativa, faz viver e faz morrer, renova o ar, somos um círculo, dentro de um círculo, cumprindo ciclos, sem um começo, meio e fim. Mas enquanto nos identificarmos com os pensamentos, sentimentos e emoções podemos seguir sendo regidos pelo

Ego
Centrismo
Ismos
A
Esmos
Os mesmos…?

E para não nos fixarmos na idéia de que o ego é um estorvo, lembremo-nos da sua função primeira que é garantir a nossa sobrevivência, a questão é o que acontece e como acontece além disso nos caminhos que trilhamos rumo ao self.

“As palavras produzem sentido, criam realidades e às vezes como potentes mecanismos de subjetivação, fazemos coisas com as palavras e as palavras fazem coisas conosco”.(Jorge Larrosa Bondía) – (tudo é o que parece ser e nada é o que parece ser)**.

E o que andamos fazendo com as palavras além de julgar e opinar? Quantas possibilidades maravilhosas que ainda não consideramos, podemos criar com as palavras, além do silêncio, fazer brilhar nossas vidas por um mundo melhor, mais humano e mais amoroso afinal…?

Entre as palavras e o inominável o que o artista faz?

NADA.

O nada não é nilismo, expressa a realidade última – JC Cooper

Mas qual o nosso papel? Só a indiferença é livre, o que tem caráter distintivo nunca é livre; traz a marca do seu próprio selo; é condicionado e comprometido – Thomas Mann.

E aqui agora o que fazemos enquanto artistas engajados?… diante desse massacre de emergências que nos tiram o ar com temperos de crueldade, gás de pimenta, pernas prensadas, corpos rasgados sem permissão, por lâminas e tiros, atravessados, dilacerados, histórias ceifadas, vidas!

E o que nos é possível? …rasgar corpos com poesia e permissão, atravessar com amor e resgatar vidas, contar histórias, acender memórias e despertares, desanestesiar o que parece não ter mais solução.

Por que? Porque…não se trata de arte, nem técnica pura. Trata-se de vida e portanto é sobre encontrar uma linguagem para a vida – Pina Bausch

E assim seguimos, movidos por inquietações que nos impulsionam e que nos inspiram a ação, a concretização, na arte que expande, reflete, questiona, transforma, ilumina, transcende e sublima. Reconhecendo o outro com todas as suas belezas e mazelas. Aguçando nossos sentidos, afiando nossas ferramentas, expandindo nossa percepção, no exercício em prestarmos serviço, sensibilizando sempre mais nossa escuta para o mundo, para as suas emergências, fonte de criação! E como Marshall Rosenberg, em seu fino estudo sobre a Comunicação Não Violenta, nos atenta sobre o quão revolucionário pode ser, por todas as nossas relações, ativarmos nossa capacidade de escuta a nós mesmos e expressarmos ao outro as nossas necessidades, da mesma forma acolhermos a fala do outro no expressar suas necessidades, e a partir daí, tudo que pode ser alinhado com essa comunicação amorosa. Deste modo, com uma boa escuta, corpos presentes, cientes e conscientes das emergências e necessidades que afligem o todo, quem sabe nossas ações criativas possam representar valorosas contribuições.!?

TEMPO.

O mundo tá gritando o tempo inteiro, nem que seja na sala minimalista organizada e bonita de uma família tradicional dos anos 70? 80? Na visão de um italiano expressada em francês. Num purgatório. Tanto faz, a dança do filho com o pai no piano é atemporal, imagem que cura até onde não saber sentir mais dor. Enfrentamos robôs
cênicos…e no cotidiano.

Criamos e cocriamos realidades, são os recortes de pontos de vista. Plicas que deram vida. Somos coautores ou tudo não passa de uma busca de um simples viés de confirmação?

A reflexão com o outro. Purgatório. Comunicação não violenta, potente. O artista é um artesão (costureiro, curandeiro) da linha da vida.

Aquele que canaliza…está a serviço da humanidade, da evolução… meditemos sobre isso. Espaço, momento, uma brisa, no farfalhar das asas, um sonho de liberdade em não ser livre como se quer, mas ser a liberdade que se deve ser para contemplar o todo, pela prestação de serviço dos que se reconhecem na missão.

Sejamos canal da expressão e manifestação de todas as belezas! Pulso de vida!

(…o pensamento pode pensar. Sentindo, enxergando e pensando assim a vida não demanda futuro algum para se completar, nem explicação para se justificar. Nesse momento ela se completa…
a única maneira de dar sentido à mudança é mergulhar nela, acompanhá-la e entrar na dança. Aqui e agora. – Alan Watts)