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- Título do Tópico:
Reflexão da semana 23 e 24/05
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(imagine um título) (Cada momento é vivido por completo e isso acarreta uma sensação de realização e completude…somos este momento e nenhum outro… é preciso relaxar e sentir o gosto ao máximo, seja de prazer ou de dor - Alan Watts) PLUUUUUUUUFT (você acabou de furar uma bolha). Siga as instruções (ou não). Respira Escuta o silêncio A voz do coração Amorosamente em ação Visualize o todo Desarme e teça A teia de todos nós Silêncio…entre as notas O silêncio não é ausência do som é a ausência do eu - Wu Hsin. Sugestão sonora para uma experiência poética na leitura: https://s://www.youtube.com/watch?v=D6vWOkNXE7g&ab_channel=DeniseToledo Você está escutando música. De repente, eu pergunto: neste momento, quem é você? Como responder imediata e espontaneamente sem parar para procurar as palavras. Se a pergunta surpreender, você vai retrucar, neste momento, quem é você? Mas se parar para pensar, você vai tentar falar não sobre este momento mas sobre o passado. Vou receber informações sobre seu nome e endereço, seus negócios e sua história pessoal. Mas perguntei quem é você, não quem você era. Pois ter consciência da realidade, do momento presente, é descobrir que, um momento após o outro, a experiência é tudo - Alan Watts Permita-se tornar aquele espaço que dá as boas vindas a qualquer experiência, sem julgamento - Tsok Rinpoche A base da consciência de si não é a reflexão, mas a relação com o outro]…[no face a face o outro se posiciona como infinitamente transcendente, ante o qual o Eu, antes de pensar ou compreender, ESCUTA, a compreensão é convertida em abertura e acolhimento do outro, em responsabilidade por esse outro - Emmanuel Levinas Vamos juntos? Com duas mãos nos relacionar? Não! Três mãos para elaborar. Nããão! Desculpem, quarenta e poucos corações para atravessar, o número dois é par, o três é ímpar e gera um outro ritmo de potência. Desse lado de cá em um tempo anterior (ou não) começamos nos desencontrando e nos reencontrando numa ligação. Foi até tarde, ou não também, já que o tempo é relativo. O fundamental é que nesse momento você tem uma agulha e você pode furar bolhas, pode costurar idéias e oferecer escuta às necessidades que estão pulsando agora. Ofertamos interrogações para ampliar as reflexões, como um convite que reforça a lembrança do não fim, do eterno começo, num movimento que não cessa de se renovar, a cada olhar, brilhar, pontos de vista diante das infinitas possibilidades, compartilhantes avantes, nessa dança, pulsar; o corpo brinquedo aproveita o vento, espalha sementes, férteis com tempo, frutificar. Vamos? Vamos! Eu e o todo somos um Um somos nós Quantos nós de nós podemos desatar? Quantos fios soltos podemos entrelaçar? Quantos alinhavos da teia podemos tecer? Quem tece a teia? Alguns? Todos Nós? E o poder? O poder seduz, qual poder? E o poder divino? E como nos relacionamos com o poder? E o poder da cura? A arte cura? Quem ativa esse poder? O artista é canal de cura e presta serviço a essa manifestação? Ação? Reflexão? Quem são? Quem é são e quem não é são? Um somos nós! Quantos nós? O melhor lugar do mundo é aqui, e agora??? O que eu faço com Hitler depois dA Queda? Onde sou melhor que ele e o que dele ainda existe em mim? Acolho! Reconsidero, reavalio e me olho, choro Como é que eu durmo com esse pesadelo? Um somos nós! E até quando permaneceremos no Purgatório? E o que pode sobreviver às trevas? A poesia A gentileza A generosidade O cuidado O serviço A beleza A escuta O estado de presença O artista não pode ficar surdo ao chamado da beleza, só ela pode definir e organizar sua vontade criadora, permitindo-lhe, então, transmitir aos outros a sua fé - Tarkovski Podemos entender por fé, estar atento presente e consciente do agora, ser o que verdadeiramente se é em conexão com a inteligência infinita? Conexão Ação Reflexão Imensidão Missão Revolução Amor In Con Di Cio Nal A arte cria e ativa, faz viver e faz morrer, renova o ar, somos um círculo, dentro de um círculo, cumprindo ciclos, sem um começo, meio e fim. Mas enquanto nos identificarmos com os pensamentos, sentimentos e emoções podemos seguir sendo regidos pelo Ego Centrismo Ismos A Esmos Os mesmos…? E para não nos fixarmos na idéia de que o ego é um estorvo, lembremo-nos da sua função primeira que é garantir a nossa sobrevivência, a questão é o que acontece e como acontece além disso nos caminhos que trilhamos rumo ao self. \"As palavras produzem sentido, criam realidades e às vezes como potentes mecanismos de subjetivação, fazemos coisas com as palavras e as palavras fazem coisas conosco\".(Jorge Larrosa Bondía) - (tudo é o que parece ser e nada é o que parece ser)**. E o que andamos fazendo com as palavras além de julgar e opinar? Quantas possibilidades maravilhosas que ainda não consideramos, podemos criar com as palavras, além do silêncio, fazer brilhar nossas vidas por um mundo melhor, mais humano e mais amoroso afinal…? Entre as palavras e o inominável o que o artista faz? NADA. O nada não é nilismo, expressa a realidade última - JC Cooper Mas qual o nosso papel? Só a indiferença é livre, o que tem caráter distintivo nunca é livre; traz a marca do seu próprio selo; é condicionado e comprometido - Thomas Mann. E aqui agora o que fazemos enquanto artistas engajados?... diante desse massacre de emergências que nos tiram o ar com temperos de crueldade, gás de pimenta, pernas prensadas, corpos rasgados sem permissão, por lâminas e tiros, atravessados, dilacerados, histórias ceifadas, vidas! E o que nos é possível? ...rasgar corpos com poesia e permissão, atravessar com amor e resgatar vidas, contar histórias, acender memórias e despertares, desanestesiar o que parece não ter mais solução. Por que? Porque…não se trata de arte, nem técnica pura. Trata-se de vida e portanto é sobre encontrar uma linguagem para a vida - Pina Bausch E assim seguimos, movidos por inquietações que nos impulsionam e que nos inspiram a ação, a concretização, na arte que expande, reflete, questiona, transforma, ilumina, transcende e sublima. Reconhecendo o outro com todas as suas belezas e mazelas. Aguçando nossos sentidos, afiando nossas ferramentas, expandindo nossa percepção, no exercício em prestarmos serviço, sensibilizando sempre mais nossa escuta para o mundo, para as suas emergências, fonte de criação! E como Marshall Rosenberg, em seu fino estudo sobre a Comunicação Não Violenta, nos atenta sobre o quão revolucionário pode ser, por todas as nossas relações, ativarmos nossa capacidade de escuta a nós mesmos e expressarmos ao outro as nossas necessidades, da mesma forma acolhermos a fala do outro no expressar suas necessidades, e a partir daí, tudo que pode ser alinhado com essa comunicação amorosa. Deste modo, com uma boa escuta, corpos presentes, cientes e conscientes das emergências e necessidades que afligem o todo, quem sabe nossas ações criativas possam representar valorosas contribuições.!? TEMPO. O mundo tá gritando o tempo inteiro, nem que seja na sala minimalista organizada e bonita de uma família tradicional dos anos 70? 80? Na visão de um italiano expressada em francês. Num purgatório. Tanto faz, a dança do filho com o pai no piano é atemporal, imagem que cura até onde não saber sentir mais dor. Enfrentamos robôs cênicos…e no cotidiano. Criamos e cocriamos realidades, são os recortes de pontos de vista. Plicas que deram vida. Somos coautores ou tudo não passa de uma busca de um simples viés de confirmação? A reflexão com o outro. Purgatório. Comunicação não violenta, potente. O artista é um artesão (costureiro, curandeiro) da linha da vida. Aquele que canaliza…está a serviço da humanidade, da evolução… meditemos sobre isso. Espaço, momento, uma brisa, no farfalhar das asas, um sonho de liberdade em não ser livre como se quer, mas ser a liberdade que se deve ser para contemplar o todo, pela prestação de serviço dos que se reconhecem na missão. Sejamos canal da expressão e manifestação de todas as belezas! Pulso de vida! (...o pensamento pode pensar. Sentindo, enxergando e pensando assim a vida não demanda futuro algum para se completar, nem explicação para se justificar. Nesse momento ela se completa… a única maneira de dar sentido à mudança é mergulhar nela, acompanhá-la e entrar na dança. Aqui e agora. - Alan Watts)
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Reflexão da semana 16 e 17/5
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E qdo olhamos para todo cenário que configurou a pandemia e o pandemônio, pensando em termos de Brasil, podemos ampliar esse olhar para o que de alarmante está acontecendo com o planeta, estendendo a reflexão sobre o papel do artista diante das emergências e necessidades da humanidade nesse agora, e de que forma nos apresentamos com uma arte viva e de verdadeira contribuição. O melhor lugar do mundo é aqui, e agora? \" Mas o que pode esse povo? Qual é o seu grito? Do que tem sede? Do que tem fome?\"...seguindo as interrogações, as perguntas que me surgem são: E como anda a nossa \"escuta\" para tudo isso? Estamos desanestesiados o suficiente para nos fazermos fluir na ação de uma verdadeira contribuição?... Gratidão imensa meus amores, por aguçar ainda mais todos os burilamentos que estão se apresentando, gratidão por tornar ainda mais rico o campo das nossas inquietações com todos os compartilhamentos, inspirador!
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Reflexão da semana 16 e 17/5
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Aqui é um espaço tão precioso e potente de falas! Que penso que estamos indo além do exercício de desdobrar pensamentos em palavras! Que não só fazem sentidos, mas nos desperte o desejo de sentir! Vivenciar por meio da experiência e passividade uma outra possibilidade de caminho! \"O ato de um ator é fruto de muito não ato de um ator\". (Cacá Carvalho.) Em relação às questões que constituem a nossa humanidade, está a consciência ética e dever como cidadãos que estamos dentro da engrenagem e que por meio da pluralidade e alteridade possamos juntos encontrar um novo caminho. \"Aquilo que nos falta nos constitui. Existir é fazer e fazer, fazendo-se. Porque agindo muito mais por honestidade do que por esperança.\" \"O homem inventa a si mesmo\" (Sartre.) \"No infinito no grande vazio, antes mesmo de tudo estar existindo, há. No infinito não existem separações, definições categóricas e conceitos fechados. Tudo é sem que se possa ser, tudo pode vir a ser. O infinito é sem limites. Ele compreende a racionalidade e a causalidade, mas está além da totalidade\". (Emmanuel Lévinas.) “A arte é o espelho da pátria. O país que não preserva os seus valores culturais jamais verá a imagem de sua própria alma.” (Frederic Chopin.) Se a arte é uma outra realidade, e o concreto ontológico bate a nossa porta. E nos convida a entrarmos em cena, principalmente no momento que estamos vivendo politicamente hoje. As armas que estaremos munindo é fundamentalmente a chave para uma possível mudança! Em contradição a uma citação a cima do Sartre, penso que a esperança é em si uma revolução!
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Reflexão da semana 14 e 15/3
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É muito bom poder revisitar os nossos encontros e reflexões e perceber na prática o real sentido deste coletivo e do Teatro que é a partilha! Somos formados por tudo o que estamos nos alimentando e vivenciando! Sem ruídos, conectados com a palavra como pretexto para darmos um novo sentido juntos! #grato
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Reflexão da semana 16 e 17/5
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A ARTE CONTRA A BARBÁRIE Juliana Kleine Rogério Machado Rosa Brasil: 665 mil mortes pela Covid 19. Pandemia. Negacionismo. Necropolítica: Bolsonaro. Amazônia em chamas. Invasão das terras indígenas. Isolamento e distanciamento social. Desemprego. Aumento vertiginoso da pobreza. Inflação disparada. Feminicídio. Racismo estrutural. Xenofobia. Dissonância cognitiva. Fascismo no poder. Cultura amordaçada. Milicianos no poder. Avanço do fundamentalismo. Política da inimizade. Conservadorismo e extremismo político. Banalização da violência. Vidas indignas de luto. Escola sem partido. Cultura do ódio. Fake News. Instabilidade social. Violações de direitos. Educação sucateada. Obscurantismo. Vontade de ditadura. Fragilização dos laços sociais. Crise ética intencional. Desamparo institucional. Saúde mental social em declínio. Truculência em alta. Política do armamento. Aniquilamento da alteridade. Sofrimento ético-político. Democracia ameaçada, adoecida. Saturação de sentido existencial. Estado suicidário. Tempo presente brasileiro: espírito de peso, desamparo da Pólis, desumanização. Quase 40 anos após a redemocratização do Brasil, cujo povo testemunhou décadas de uma ditadura sangrenta, truculenta, míope, obsessiva e destrutiva; hoje vivemos um cenário nacional que em muito se assemelha com aquele período nefasto. A partir de um pensamento interdisciplinar entre Filosofia da Diferença, Literatura Teatral, História, Psicologia… apresentamos aqui uma reflexão sobre o lugar do ator, e do teatro, na construção de uma ética hospitaleira, de resistências e de recriação de sentidos existenciais em um tempo marcado pela barbárie, pela banalização do mal. Para tanto, de saída, perguntamos: o que pode a arte em tempos de produção deliberada da barbárie? A arte poderia estar descolada do espírito da sua época? Pode o artista ser indiferente às intempéries do seu tempo? Ante a uma realidade embrutecida pela política de morte, pode o artista fomentar a potência de vida por meio da sua expressão artística? No livro “Crítica e Clínica”, Deleuze (1997) afirma que “a literatura só começa quando nasce em nós uma terceira pessoa que nos destitui do poder de dizer Eu” (p.13). Pois bem, aqui estamos... tentando exercitar a renúncia ao poder de dizer “Eu”, gesto em desuso no contemporâneo, para fazer falar uma terceira pessoa por meio de nós, isto é, um povo. Mas o que pode esse povo? Qual é o seu grito? Do que tem sede? Do que tem fome? Parece-nos que o povo quer de volta o sentido de viver! Ele quer a feliz(cidade)! E a literatura que pretende representar e dar vazão ao desejo da multidão só o fará por meio da fabulação, pois fabulando ela inspira e inventa outras realidades, funciona como “contrarrealismo” (BUTLER, 2021). Nesses termos, diz Deleuze, a literatura torna-se “uma saúde”, é potência criativa, é invenção de novas possibilidades de viver. Quer libertar a vida lá onde ela é prisioneira. E o escritor? Tal qual um médico, um psicólogo ou um esteta ele faz um diagnóstico dos sintomas da civilização e, fabulando, inventa um povo que virá. O escritor com sua literatura promove (e provoca) estesias para um povo anestesiado. A literatura é a arte de fabular mundos outros. E o escritor torna-se outro, recria a si mesmo, ao fabular outros mundos. Ele é um artesão de si e do mundo. E tais proposições insuflam de sentido a escrita que ora aqui urdimos. Aqui lembramos que um povo não se anestesia sozinho, porque quer, porque tomou uma decisão consciente. Identificamos que a sociedade está organizada de maneira tal a promover uma luta pelo poder, em que poucos o detém, e outros sucumbem ao lutar por ele, ou tentar sobreviver servindo referido poder. A existência do estado de direito pressupõe que é necessário um poder acima da criatura humana para ordenar e instituir a vida em sociedade. Trocamos nossa liberdade pela segurança que o estado supostamente nos oferece? Parece-nos que o artista interroga essa noção hierárquica de liberdade que nos foi imposta buscando com isso restituir o dano produzido por tal imposição, e, por intermédio de sua arte, busca instaurar novos sentidos e consciências na e sobre a realidade. Tal como o escritor e sua arte de perceber realidades furtivas e imaginar/inventar diferentes realidades (quanta ousadia!), ante à saturação de sentido do povo assolado pela tirania dos déspotas e dos escombros de um mundo em guerra (esse não seria o jogo primário que todos jogamos?), o que pode a arte? A arte nos parece ser sempre um convite (ou uma provocação) a estranharmos o mundo e a nós mesmos. Ela consiste em um poderoso afeto que, segundo (TARKOVSKI, 2010) pode “explicar ao próprio artista, e aos que o cercam, para que vive o homem, e qual é o significado da sua existência. Pode explicar às pessoas a que se deve sua aparição neste planeta, ou, se não for possível explicar, ao menos propor a questão” (p. 40). E o que pode a arte do ator nesse mundo aí? Serve para entreter? replicar realidades? confortar? confrontar? provocar? alienar? sensibilizar? fazer viver? dilatar o real? Ou a arte do ator se pretende neutra, anestesiada? Compartilhamos da percepção de que, utilitarismo à parte, a arte do ator só tem sentido quando engajada do ponto de vista ético, estético e político com a produção de um mundo e de uma humanidade melhores. E não, isso não significa que o ator pretenda, arrogantemente, ser um “melhorador do mundo” (NIETZSCHE, 1996). O engajamento do ator implicaria em uma tomada de posição, e não na tomada de poder. Essa tomada de posição deve ser, necessariamente, ética! Nessa direção, o ator pode ser compreendido como um produtor de sentidos, um criador de condições para que novos sentidos de vida e de viver sejam inseridos no mundo e nas vidas das pessoas. O sentido ético que sustenta a arte do ator estaria ancorado em um princípio vitalista, isto é, na “Vontade de potência” (NIETZSCHE, 1996). O ator quer afirmar a vida, quer fazê-la expandir. E para isso, terá que enfrentar/combater tudo que faz morrer, tudo que faz a vida perder potência. O ator é um vitalista por excelência! Assim como o escritor com sua literatura, como bem lembrado por Deleuze, o ator também provoca estesias para um povo anestesiado; promove saúde para o povo doente, por vezes de si mesmo. No fazer teatral, o ator cria um éthos promotor de reflexões, alegrias e de reencantamento dos sujeitos por si mesmos e pelas suas próprias existências. O teatro age contra o estado suicidário, violento e necropolítico! O ator, com sua arte, tanto diagnostica quanto ajuda a curar as doenças/sintomas do mundo, particularmente as doenças politicamente causadas. O teatro previne o suicídio! O teatro pode nos recolocar na realidade viva, nos fazendo sentir novamente o frescor do começo; mantendo o nosso olhar e a nossa percepção aguçados: infantis. Falamos da infância como uma experiência não restrita ao corpo das crianças, mas como potência disruptiva, como flerte incessante com os limites do que somos e como “outramento transversal a toda uma existência”, como diz (LYOTARD, 1990, p. 37). O teatro parece fazer perseverar a alteridade infantil de um povo: para que não morra de maioridade. E é no corpo de ator, em relação com outros corpos, que essa infantilidade alteritária, e agora sim, afirmativa, entra no mundo como feitiço. Daí, abre clareiras na escuridão. Abre as janelas do (im)possível. Nos faz delirar de comoção imaginativa. Nos faz dizer não a tudo que diminui a nossa vontade de potência: fascismo, política da inimizade, negacionismo, fome, infanticidio… E é, portanto, no horizonte da ampliação das nossas sensibilidades autopoiéticas e das nossas capacidades de resistir ao que nos causa dor, e ao que nos mata, que se edifica uma ética, uma política e uma estética teatral. A essa altura, parece-nos que estamos diante da defesa do argumento de que o ator, no exercício do seu ofício e no seu percurso (trans)formativo, sob pena de ser capturado pelo fascismo que o rodeia, precisa estar tenazmente engajado na construção de condições de possibilidades para a emergência de “bons encontros” (ESPINOSA, 2011). E para isso, a abertura/disponibilidade afetiva para encontrar-se com o outro é “regra de ouro”, inviolável. Libertar o outro da condição de escravo da vontade do tirano; libertar a si mesmo da \"vontade de poder” sobre o outro; [...] despojar-se de si-próprio em reconhecimento ao apelo do Rosto do outro, o que torna o Eu servidor do outro” (LEVINAS): isso nos parece ser o sentido ético basilar do fazer/ser/sentir artístico do ator/sujeito/humano. Assim, partimos da convicção de que a ética do artista (ator) é lugar de produção de hospitalidade, liberdade e afirmação da alteridade. Isso porque a ética da alteridade nos convoca a dar uma resposta ao outro, a assumirmos uma responsabilidade com o seu mistério, com a sua diferença radical e com o seu bem-viver. Por fim, intuímos que na experiência teatral, lugar dos encontros por excelência (real, virtual…), o ator pode produzir, em coautoria com o outro, um ethos instaurador de novas consciências, já que a base da noção de si é a relação com o outro (BAKHTIN, 2010). Trata-se, portanto, de pensarmos e apostarmos em uma “ética da alteridade teatral” como uma potente possibilidade de abertura e criação de topologias inventivas, as pequenas utopias, aquilo que faz com que continuemos vivos e pulsantes. Uma micropolítica de resistências e de instauração de acontecimentos entre nós, e em nós. Teatro vitalista, é teatro contra a barbárie! REFERÊNCIAS BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010. BUTLER, Judith. A força da não violência: um vínculo ético-político. 1ª Edição - São Paulo: Boitempo, 2021. DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. São Paulo: Ed. 34, 1997. ESPINOSA, Baruch. Ética. Tradução de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica. 2011. LYOTARD, Jean-François. A criança, esse fantasma do ocidente, a criança, ou seja, o desejo é energética, econômica na representativa. Trad. Tununa Mecado. Buenos Aires Fundo da Cultura econômica, 1990, p. 20-30. NIETZSCHE, Friendrich. Vontade de Potência. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1996. TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o tempo. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
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Reflexão da semana 09 e 10/5
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Singela e despretensiosamente, essa reflexão é antes de mais nada um desejo de se deixar registrado em palavras o testemunho memorial de que houve uma experiência de encontro entre naturezas humanas. Porém, estas palavras precisam de você. Deste momento. Porque estes corpos que aqui te escrevem, estão vivos neste momento presente que estará sempre presente se você aqui também estiver, do contrário estaremos mortos, todos nós. Seremos apenas palavras em uma página, numa tela. Por isso te pedimos que ao encontrar estas palavras não se esqueça de perceber se você está se dando condições que serão imprescindíveis para que ao relembrarmos juntos o que foi vivido possamos descomplicar algumas plicas e assim, enfim, desdobrarmos em outras possibilidades. Que sejamos vivos neste instante para que algo nos aconteça. O que foi vivido não pode ser revivido. Mas a experiência que aconteceu ficará para sempre em nós, nos modificando e reverberando de outras e inúmeras possibilidades. A todo momento somos convocados e convidados a viver algo, a nos deixar acontecer. E já que estamos desdobrando o encontro passado a partir de um novo encontro de singularidades que somos, gostaríamos de instaurar aqui novamente e sempre vivo e sempre outro, o que de essencial que não queremos que se perca, que seja esquecido. Para que possamos todas às vezes fazer vivo em nós porque está nos acontecendo ao estarmos deixando que nos aconteça. Desta forma, propomos um itinerário de percurso por instalações (sim, esta potente imagem que a Giovanna nos proporcionou ao nos compartilhar a própria experiência que teve na leitura da reflexão anterior), onde traremos aqui a essência do que não queremos que se perca e a tentativa de desdobramentos. Comecemos pelas instalações que estamos propondo como fio que nos conduzirá à memória do encontro; como o Lee comentou a partir da imagem da Giovanna, a instalação trás em si a experiência de interação que faz todo sentido com o que estamos discutindo a partir do e com o teatro. Com e a partir de Kazuo Ohno: Como expressar em palavras uma experiência? Como resgatar o sentido das palavras sem perder a essência do que foi o encontro? O que realmente fica? Aquilo que guardamos na memória é o que nos atravessa e faz sentido. Qual é a natureza do encontro? O que nos motiva a interação entre corpos em um espaço desterritorializado para que possamos pensar a Arte? A necessidade de não esquecer, a revitalização da memória de nossos ancestrais, dos que vieram antes e mataram a Arte para que ela pudesse tornar-se viva e para que a partir dela possamos sonhar com o futuro. O sonho é o local de libertação, outro tempo/espaço de possibilidades para vislumbrarmos o futuro através do passado. De acordo com Kazuo Ohno (1906-2010), só somos hoje o que somos, graças aos nossos mortos, é necessário a morte para que haja a vida. É difícil exprimir em palavras a sua dança e assim como o sonho, nos transporta para outro lugar, outra realidade e outro tempo, nos impactando com seus movimentos e expressões, realizando assim um convite arrebatador para sentirmos algo vivo e transformador. A palavra butô em japonês é formada por dois ideogramas: bu (dança) e to (passo), apesar de existir outras variáveis como bu como mãos e to como pés dentre outras, a sua Arte antecede à palavra e está no território do não dito, o qual sugere um corpo repleto de presença, vivo. \"Não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?\" Lc 24:32 Com e a partir de Hércules, num momento em que esteve tão vivo que transcrevemos aqui sua fala para que arda em nós e vivamos sempre que aqui estivermos: \"O que é essência no teatro? Não é o formato ou se está montando um texto clássico ou contemporâneo. Quem presentifica uma obra? Um texto escrito há 100, 200, 500 anos, é ele que se presentifica? Nunca será. Um texto escrito há 10 minutos? Nunca será. Ele só terá corpo, carne, presença e será inaugurado, instaurado, a partir de alguém. E este alguém é o essencial que o Dubatti está falando que em qualquer teatro, ele existe. O que é o teatro? Poder dar ao outro o lugar de onde se vê e se fala, um lugar de onde se vai para ver. Então quem está morto é o sujeito que opera o fenômeno teatro. Quem está morto é aquele que não instaura, não instiga. Porque não entendeu quais condições são necessárias para ele existir, quanto mais um personagem que é um outro ele, um outro ser vivente também. Um personagem não é um humano de figurino, um personagem é um ser que existe. Por isso que ele precisa se diluir, se dissolver, se confundir, se complementar, se contrariar e ser controverso com esse outro que é esse personagem. Quando começamos a fazer distinções, às vezes vem à frente um gosto pelo formato, ou uma certa observação sobre um texto clássico. Não é esse o ponto. O ponto é: como que em mim, não somente por montar um texto, como que em todos os dias de apresentação do espetáculo, a todo momento que eu falo aquela fala, ela é inaugural? Se não existir no meu corpo uma real integração sensível a partir de condições que me dou para reaver o fenômeno? Em relação ao formato: Não é a parede, não são as estruturas que trazem a espiritualidade de um povo, de uma comunidade, a fé dele, não são os tijolos. Teatro é o lugar de onde se vai pra ver. E se a essência do teatro é o encontro entre humanos, então o teatro nunca será um endereço de uma rua tal. O teatro é: Estou indo encontrar comigo mesmo através de um outro ser e sujeito que independente do formato que ele se propor, ele tá tão vivo, que aquele texto se passa a viver por ele. A dramaturgia só ganha vida quando alguém a é. Não a diz. Passa a ser de quem está emanando aquilo. Por isso, qual a sua percepção? Qual a sua presença? Quais são as condições?\" Com e a partir de Lee: \"O estranhamento de um eu e de um outro só ocorre quando reconheço este outro como outro, se não identifico isso, eu não estranho e ignoro que ele é um outro, simplesmente o torno reconhecível ou igual a mim, aí eu anulo o outro, imponho ao outro o que acho que ele é, como uma espécie de dominação do outro, não há possibilidades de ser surpreendido pelo outro. Isso é importante, para pensarmos o teatro, as questões humanas, o quanto estamos abordando conteúdos, personagens, dramaturgias de uma maneira que tornamos aquilo como um desdobramento nosso e não como um corpo estranho, partir desse estranhamento para se disponibilizar para a experiência, inventar a partir do encontro.\" Ir ao encontro de si mesmo através do outro, possibilitando expandir-se por meio do outro para ampliar sua subjetividade ao se colocar no lugar do outro e enxergar com seus olhos, entrar em outras dimensões para se perder e se encontrar de formas variadas que não a de costume, se ampliar ao estar disponível para o desconhecido se torna uma reflexão importante para o artista ao criar representações do mundo, resgatando a poesia e principalmente a capacidade de sonhar em épocas tão difíceis e caóticas. Com e a partir de Dubatti: “Chamamos convívio a experiência que se produz em reunião de duas ou mais pessoas de corpo presente, em presença física, na mesma territorialidade, em proximidade, em uma escala humana.” De acordo com Dubatti o convívio pressupõe a presença de duas ou mais pessoas de corpo presente em uma experiência em comum, e o que faz desta experiência ser um acontecimento vivo quando pensamos na arte teatral? O Teatro pressupõe o convívio, o lugar do encontro, lugar de experiência para que algo aconteça, mas quais são as condições criadas para que esteja vivo? Para nos fazer sonhar, para fazer sentido, para nos re-conectarmos com a natureza humana? Como já foi dito a vida pressupõe a morte, não como um fim, mas sim como um renascimento. Para que haja vida, torna-se imprescindível matar o teatro para que ele possa viver novamente em cada artista, ressignificando a sua necessidade de existência. Chegamos até aqui, e já não somos mais os mesmos que éramos. Estamos desconstruindo bases e estruturas que nos trouxeram até aqui já que a morte pressupõe a vida. É importante reconhecermos. Termos consciência. E por termos consciência perceber que muitas vezes o essencial ficou perdido, no desligamento de estarmos conectados com a nossa natureza humana. E ao nos desconectarmos de nossa natureza humana, esquecemos que somos parte da natureza viva/vida que é tudo que somos e habitamos.
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- Título do Tópico:
Reflexão da semana 02 e 03/5
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Mais e além do que impedir a morte do teatro talvez fosse aceitar essa morte e aproveitar os aprendizados que essa morte nos trás como alerta das necessidades e emergências de renovação que esses tempos nos apresentam juntamente com o desafio por exemplo de vivificar o teatro como um acontecimento engajado e comprometido com o aqui e agora atualizado com as possibilidades de uma verdadeira contribuição à sociedade, à um despertar de modo que atravesse os seres de forma mais plena e expansiva. O momento , como diz o Lee, é fértil e potente, e o desafio é maravilhoso! Aproveitemos! Amei a reflexão, parabéns por terem tocado, reforçado e ampliado nossa atenção para os pontos mais pertinentes que tem permeado todos os nossos estudos e reflexões.
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- Título do Tópico:
Reflexão da semana 02 e 03/5
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A reflexão abarca e abraça todo o conteúdo proposto com as indicações de montagem(Zé Celso), texto(Dubatti) e encontro do dia 03/04/22, transbordando novos conceitos, novas referências e mais outras reflexões todos ricos sem ser preciso destacar um ou outro e concluindo/apontando acertadamente linhas sobre os caminhos a serem seguidos pelos fazedores de teatro no momento atual para e pelo público - com a abrangência que atinja as classes sociais menos favorecidas levando-lhes pontos de partida para reflexões sobre seu mundo, sua condição nesse mundo e como avançar por mais igualdade/humanismo tudo através da poesia, tesão, tensão e abraço. Uma reflexão para ser revisitada de tempos em tempos para que em nós reavive no passar dos tempos a importância permanente de refletir e fazer crescer o teatro, impedindo sua morte e a morte do que lhe é soberano: transmitir o amor, um amor que ultrapassa todas as barreiras e nos impõe crescimento no saber, no sentir, no ser atuante, no estar vivo em sua plenitude.
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Reflexão da semana 02 e 03/5
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O teatro como definição desde sua origem é um local e uma atividade do olhar. O termo no grego antigo para ator é “hypocrites” (υποκριτής), que está ligado diretamente ao verbo “hypokrino”(υποκρίνω), que significa “responder”, “interpretar algo”, “dar o seu parecer a respeito de algo”. Então o ator é o agente, o núcleo da ação teatral que responde a uma inquietação, é aquele que traz uma nova visão a uma pergunta dada, um estímulo, ou uma necessidade que está além dele mesmo. O ator explora materiais que dizem respeito não apenas à arte do teatro, mas também à natureza humana e ao mundo. O corpo do ator narra enquanto é auto narrado, e interpreta enquanto é auto interpretado. Na definição de Dubatti: “o teatro é um corpo e podemos dizer também que esse corpo é de um ator (núcleo gerador) que produz acontecimento e estabelece uma ética dialógica com o espectador. O ator instaura em cena com o seu corpo ativo um outro tempo-espaço que convida o espectador a ver a partir de um outro olhar ao ponto de se atingir a estranheza do mundo dito como reconhecível”. Sendo assim, o teatro contempla em si o território, o objeto observado e o observador. No livro “O retorno de Dioníso”, do diretor grego Theodoros Terzopoulos, para além das definições técnicas de voz e corpo, o autor reforça a importância do ator no centro da ação teatral com autoconsciência, conhecimento e combatividade. E acrescenta: “o mundo mudou e o ator deve cultivar uma crítica frutífera das coisas e expressar constantemente sua agonia: que o teatro é outra coisa que não é o que pensamos até agora e que deve seguir outra direção. O artista tem a missão de redefinir o valor do homem com o seu corpo, espírito, palavras, energia e transgressão. É um apelo, um grito selvagem diante do que está sendo perdido, mas não está irrevogavelmente perdido, porque o corpo traz em si a esperança”. Em 2004, numa entrevista do programa “Roda Viva”, Zé Celso fala da cultura como o próprio amor em si, a cultura da vida, do tesão, do corpo livre que se coloca diante da barbárie imposta pela sociedade. Ele provoca sobre a necessidade de \"massacrar o próprio massacre\" através do movimento amoroso da arte. Ao ser questionado sobre a sua motivação de fazer teatro, Zé Celso destaca a paixão e a crença no poder transumano da arte. O artista deseja encontrar o outro, ou deveria ser essa a motivação para o encontro nessa experiência que se estabelece no teatro. Isso é evidente nos espetáculos do Teatro Oficina: um ritual cheio de corpos dionisíacos que extrapolam a dualidade do que é sagrado ou profano, do que é aceitável ou não, sendo tudo ao mesmo tempo. Em “Sertões”, é nítido que os atores estimulam o público de forma permanente e ao mesmo tempo gozam dos estímulos retribuídos pelos espectadores. São atores brincantes que levam a sério a ideia de disponibilidade espiritual para convidar o espectador ao jogo. É nesse palco-terreiro onde a nossa criança dança livre e sem vícios do que foi ensinado socialmente. É a morte iniciática do espectador inerte para o despertar no ato de ver e também ser visto como um corpo que propõe e dialoga com o todo. Zé Celso tem esse poder de trazer espectadores companheiros, dispostos a sentar-se à mesa para comer e repartir o pão. O espetáculo então é como um corpo vivo que vai além da referência literária, perpassa pelo registro histórico e vai em busca da nossa fundação mitológica, e nos instiga com uma crítica social atual sem deixar de lado o bom humor. Em um bate papo na Universidade de São Paulo em 2015, Dubatti ressalta que precisamos valorizar o “teatro como um lugar de produção de pensamento... e que permite nos conectar com a própria vida”. E ele vai além, quando diz que a América Latina tem uma missão de começar a falar do que se passa nos teatros locais, claro, sem perder de vista os clássicos. O que se trata é de problematizar as questões e estudar os contextos locais. É importante questionar a respeito da serventia de uma montagem de um texto clássico que não dialoga com o que se vive agora. A experiência do teatro está para além da ideia do “bom teatro” com a necessidade de cumprir com o que é esperado. Ao se negar a possibilidade do risco para apenas reforçar o que é conhecido, se insiste numa prática de um teatro morto. Um espetáculo vivo seria então um desdobramento de um acúmulo experimental que se dá na presença do espectador pela ação do ator-gerador no encantamento que se dá no encontro. Tal como o barqueiro do Hades, o Caronte, que nos convida a ir junto com ele na travessia do rio e beber da água do esquecimento para desaprender e viver uma outra verdade no mundo dos mortos. Zé Celso em uma entrevista ao programa “Quem somos nós” fala da importância da coragem de ser, pois estamos todos amedrontados. A entrevista foi em 2014 e pouco podemos dimensionar como estamos agora em 2022 nesse estado de paralisia. Por que o artista se deixou ser encaixado num padrão, numa domesticação do rito para referendar a visão do status quo mesmo vivendo a realidade atual do nosso país? Há urgência de uma formação de massa crítica de espectadores, assim como um teatro propositor de uma transformação da realidade. O desafio é manter o teatro vivo, um teatro para o acontecimento. Sem o convívio, não há teatro, portanto, precisamos fazer com o que os teatros públicos sejam ocupados, que sejam fomento dessa massa crítica que a sociedade tanto precisa para respirar. Nós artistas precisamos mais do que nunca nos organizar para fazer essa transformação. Claro que não conseguiremos fazer isso do dia para a noite, mas é necessário urgência, planejamento, organização e união com o poder público para o teatro chegar ao povo e não somente à classe privilegiada e branca como acontece hoje e desde sempre no Brasil.
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- Título do Tópico:
Reflexão da semana 25 e 26/4
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nossa muito bom!!! Atravessou e rasgou aqui...
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